quinta-feira, 30 de maio de 2013

Os Jornais que Tercena já conheceu

30 de Abril dia da Imprensa de Oeiras
E OS JORNAIS QUE TERCENA JÁ CONHECEU
         É bem provável que muito antes tivesse existido algum outro Jornal, mas a grande verdade é que o primeiro título apareceu no final do século XIX, pelo menos que se tivesse encontrado registos, embora saibamos que estávamos numa época em que a literatura aparecia em grande plano e obviamente os jornais proliferavam.
   Estávamos no ano de 1893 quando apareceu o primeiro exemplar do jornal “A GAZETA DE OEIRAS”, tido como o primeiro a ser publicado na área do município oeirense.
      Recordando ainda esse memorável dia para a imprensa que serve o concelho, veio à memória os muitos títulos de jornais que Tercena já conheceu e todos tendo como fundador e director Fernando Silva que desde muito novo se iniciou nessa vertente cultural, como um verdadeiro amante do jornalismo.
   Fernando Silva foi pioneiro nesta actividade criando em 1975 o seu primeiro Jornal “Pico do Arieiro Informativo”, para dar a conhecer os assuntos da Madeira no seu mega restaurante, com aquele nome.
  A casa possuía muitos clientes e o ambiente que se respirava dentro dela, impunha-se levar ao conhecimento alguns locais turísticos da ilha, os quais Fernando Silva se propôs dá-los a conhecer aos seus clientes através de um curioso sorteio e foram muitas as pessoas que ali se deslocaram, numa oferta da casa, assim como todo o seu pessoal e colaboradores ali se deslocou onde esteve dez dias com todas as despesas pagas pela gerência do restaurante, que nesse altura era sobejamente conhecido por Actividades Hoteleiras Pico do Arieiro, Lda., cujos sócios eram Fernando Silva e Emília Silva.
     Em 1985, por interesses comerciais o Jornal passou a chamar-se “A Voz de Torcena”, já que, quase esgotados os temas turísticos da ilha impunha-se entrar em outras áreas, nomeadamente de Tercena e sua freguesia, e para receber  incentivos da sua autarquia municipal o jornal passou a ter aquela nomenclatura, mudança que se registou precisamente em 11 de Abril de 1985.
   Ao longo dos cerca de 38 anos de existência que já possui foram aparecendo suplementos que eram incluídos no “Voz de Torcena”, como o desportivo “Fora de Jogo”, dedicado ao desporto do concelho de Oeiras e vizinhos, Amadora, Cascais e Sintra, assim como o “Mensageiro”, que se propunha editar assuntos de índole cultural e artística.
     O “Cacém Notíciário”, foi um jornal que durou alguns meses, pois o fluxo noticioso que chegava até à redacção daquela localidade era tão grande que se impunha a criação de um órgão social dedicado àquela cidade e demais, sabendo-se não existir nenhum jornal local.
   Foi “sol de pouca dura”, pois a publicidade começou a faltar, mas mesmo assim, ainda foram publicados vários números.
     O “Tercenense” foi um outro jornal que apareceu devido ao excesso de notícias que se perdiam, no “Voz de Torcena” e praticamente as edições que foram feitas foram distribuídas único e simplesmente pela localidade, e inerentes à terra, mas depois começou a fracassar e teve de acabar.
   Outro grande jornal que Fernando Silva criou teve o nome de “Voz do Folclore” que seria o primeiro periódico regular português que publicava notícias relativas ao folclore e etnografia a nível nacional, tendo durado seis anos e chegando mesmo a ter uma grande importância em Portugal continental e ilhas, pois era procurado por todos os agrupamentos folclóricos existentes no país.
    Ao cabo teve de ser encerrado, pois as pessoas gostavam muito do jornal, mas a verdade é que, dos quatro mil agrupamentos existentes no país, conseguiu cativar cerca de mil, mas após ser estabelecida a assinatura com os agrupamentos folclóricos, no ano seguinte, devido à mudança das gerências dos mesmos, estas deixavam de ser pagas e como as verbas começaram a baixar, o jornal obviamente teve de encerrar as suas publicações, o que causou alguma tristeza a muitas centenas de pessoas que o liam mensalmente, pois foi sempre um jornal que desnudou os problemas e iniciativas dos ranchos espalhados pelo país, e que agora deixava de existir, vindo a acabar por falta de meios financeiros.
    Em Janeiro de 2012, Fernando Silva atreveu-se a novos empreendimentos e agarrando mínimos conhecimentos para lidar com as novas tecnologias em que se baseiam os actuais jornais, criou um Jornal diário através da “Internet”, que chega ao cliente por correio electrónico.
  Ideia que foi crescendo com um significativo aumento de aderentes e o jornal tem agradado pois é o primeiro e único no concelho de Oeiras, a levar a notícia a casa das pessoas, pois ela só não será lida se não houver interesse do assinante.
   De momento já possui cerca de mil endereços e calcula-se que deverá ser lido por milhares de pessoas, uma vez que está conotado com as redes sociais e por essa via chegar a locais que nem sequer a redacção imagina, tão expansiva é a rede tecnológica agora existente neste planeta, que até nos causa enorme admiração, como gente do Canadá, da China, Japão, Estados Unidos e outras nações, fazem perguntas inerentes ao que se publica nesse jornal diário.
   Numa passagem pela imprensa regional local de Oeiras, Fernando Silva, que foi director de todos os periódicos que editou, mostra agora o seu modesto mas dedicado trabalho ao serviço da comunicação social numa exposição que bem demonstra o seu grande apego à arte do jornalismo, pois para além deste longo trabalho, ainda colaborou durante 26 anos no “Diário de Notícias” do Funchal, como jornalista desportivo, assim como no “Ofsite”, que tinha as sua sede no Dafundo, mas pouco tempo durou sob a direcção do jornalista Rui Tovar e no “Jogo”, delegação de Lisboa, cujo director e responsável foi Rodrigo Pinto, um homem infelizmente já desaparecido, tratando-se de um excelente profissional, como se encontram poucos neste país para dirigir um períódico.
   Ainda colaborou com inúmeros títulos espalhados pelo país, como “O Século”, de Artur Albarran, “O Diário de Lisboa”, legado pelo seu pai que foi correspondente durante muitos anos em Barcarena, “Diário Ilustrado”, do saudoso Tabucho Alexandre, o jornal que saía para as bancas à 14 horas e era muito desejado por se tratar do primeiro vespertino diário, já que todos os outros saíam ao fim da tarde.
       O “União” de Angra do Heroísmo” da ilha Terceira dos Açores, recebeu muitos artigos assinados por Fernando Silva, assim como o “Jornal do Algarve”, “Desporto Jovem” e tantos outros títulos.
   Fernando Silva passou ainda pelo jornal “Europeu” em 1988/89, na secção de Desporto que era dirigida por José Manuel Freitas, ambos vindos do jornal ”O Jogo”, tendo ainda a colaboração de Vasco Trigo e outros jornalistas de nomeada que se mudaram para este jornal por se apresentar um projecto interessante.
   A administração era chefiada pelo General Ramalho Eanes, mas afinal o periódico acabou por fechar um tempo depois e para mal dos seus jornalistas muitos acabaram por não receber o último mês que ali trabalharam, caso de Fernando Silva e outros jornalistas
       Fernando Silva lembrou-se de criar esta singela exposição para que as camadas jovens se habilitem a projectos deste tipo, pois a continuidade destas iniciativas será da maior utilidade e porque não, tornarem-se mesmo num verdadeiro “ganha pão”, hoje tão difícil no nosso país.
    Assim, o dia 30 de Abril, que marca o início da Imprensa regional do Concelho de Oeiras, deixou de ser festejado, mas não era isso que a maioria dos jornais que o serviam pretendia.
      Não acreditamos que houvesse alguém que se negasse à continuidade dessa festa, naturalmente faltou o respectivo diálogo para recuperar essa importante convívio entre jornalistas, mas de modo mais simples, a exemplo do que tinha sido a primeira.
     Isso era o bastante para os jornalistas locais se encontrarem, conviverem e francamente ficarem mais de olhos nos olhos uns dos outros e não de costas voltadas como praticamente acontece agora.
     Por isso o 30 de Abril de 1997, deixa-nos saudades, pois nesse dia, realmente conviveu-se, conversou-se, foi desnudado o verdadeiro conteúdo desses mesmos jornais presentes, colheram dividendos com visitas de interesse e a despesa organizativa, francamente foi reduzida, pois era isso precisamente que urgia ser reposto, para satisfação dos directores, jornalistas e colaboradores dos títulos que ainda vão sobrevivendo no concelho de Oeiras, mas com muitas, mas mesmo muitas dificuldades e convívio como aquele, ajudou muito, na época, a sair da crise, senão quase todos os jornais que se publicavam nesse tempo.
   Passados todos estes anos a grande festa a maioria dos jornais que nessa época se publicavam deixou de se fazer, as dificuldades aumentaram, com muitos, inclusivamente, a terem de fechar as suas portas, outros a reduzirem o número de edições e ainda aqueles que esperam dia menos dia verem o seu trabalho de anos, ter de encerrar como acabou por acontecer com o “Jornal de Oeiras” e jornal “A Região”
     Mas neste contexto e reportando-nos ainda àquele tempo, à grande festa de 30 de Abril onde foi lembrado o primeiro jornal que se publicou em Oeiras “A Gazeta de Oeiras” resta o livro publicado onde fomos encontrar o primeiro jornal editado em Barcarena que dava pelo nome de “O Povo de Oeiras”, mas foi “sol de pouca dura”, porque para além das dificuldades serem muitas, as contrariedades eram ainda maiores, e os conteúdos por vezes bem picantes, motivavam grandes polémicas e desagrados.
   Lembramos que “O Povo de Oeiras“ se iniciou a 4 de Agosto de 1912, era um jornal quinzenal e tinha como director e editor, Virgílio Pinhão, que era naquele tempo o representante da Associação do Registo Civil em Barcarena e o secretário da redacção, João Pinheiro, órgão pertencente ao Grupo Democrático “O Futuro”, futuro que afinal foi curto, pois pouco tempo duraria.
  Tinha correspondentes em Tercena, Queluz de Baixo, Valejas e em muitas outras localidades do concelho de Oeiras, assim como era vendido em Tercena na Mercearia de Henrique da Silva, vulgarmente conhecido pelo “Lagarto”, pai do conhecidíssimo comerciante tercenense Duarte Silva.
  Apareceu mais tarde o “Divulga” em Abril de 1980, com periodicidade mensal da responsabilidade da Junta de Freguesia de Barcarena.
  Assim de momento, a imprensa que serve o concelho de Oeiras é diminuta, pois resume-se praticamente a dois jornais, “Voz de Torcena” e “Correio da Linha” já que o “Jornal da Região” está suspenso por falta de verbas para se publicar, aguardando melhores dias, pois os demais títulos acabaram por ficar pelo caminho e com a crise que agora se estabeleceu é bem possível que dentro de um ano, não haja memo nenhum a publicar-se, que seja radicado no Concelho de Oeiras.
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