AS VANTAGENS E A CULTURA QUE SE ADQUIREM QUANDO SE PERTENCE A UM GRUPO FOLCLÓRICO
A Associação Cultural de Tercena ao longo destes vinte anos teve uma intensa actividade cultural, pois não foram só as componentes, Teatro e Folclore que marcaram os folcloristas e a colectividade, pois muitas outras estiveram em grande plano, como as diversas exposições que foram realizadas, algumas até de grande categoria, que marcaram as pessoas pela sua grande qualidade e expressão, como as palestras na sede e visitas a museus e locais de grande referência em feitos patrióticos.
Lembramos a exposição que foi realizada em 2009, sobre etnografia e folclore, onde a sala ficou cheia de fotos antigas, objectos e atavios ligados ao folclore e à etnografia.
A exposição sobre presépios que reuniu um enorme número de exemplares feitos com bastante gosto e que chamou à colectividade imensas pessoas ao longo da época natalícia e tantas outras também levadas a cabo em parceria com o Museu Etnográfico de Tercena e o Jornal “A Voz de Torcena”.
Ainda dentro desta parceria, foram reconhecidas como preciosas as exposições sobre a Festa do Espírito Santo nos Açores, sobre a ilha de S. Jorge e as suas Fajãs, Ilhas Malvinas entre muitas outras.
Também as palestras que foram levadas a cabo, não têm conta, algumas proferidas até por pessoas ilustres, dedicadas e competentes que se formaram em determinadas áreas, como o Dr. Jorge Miranda que tem uma extensa formação e conhecimento sobre os valores do concelho de Oeiras em quase todas as áreas.
A Dra. Alexandra Antunes que se mostrou sempre pronta para falar na colectividade sobre qualquer assunto, muito especialmente na área do património edificado, tendo feito uma excelente palestra e explanação do velho casario da Rua Aurora no Bairro da Estação de Barcarena entre outros temas.
O Dr. Joaquim Bouça sobre os seus conhecimentos e práticas sobre a foz do Tejo e o farol do Bugio, tal qual a sua esposa que por diversas vezes vieram à Associação falar desses assuntos, factos que bem conhecem, por o avô do historiador ter sido faroleiro no Bugio durante muitos anos.
O professor Doutor José Meco, especializado em azulejaria que por duas vezes trouxe esse tema à colectividade e numa delas explanando o património e riqueza existentes da igreja de Santo António em Tercena, assim como o próprio Fernando Silva tem focado ao longo de todo este tempo, diversos temas, como o folclore, a etnografia e a Fábrica da Pólvora onde se especializou como ninguém.
Também o Dr. Luciano Reis do Museu Leal da Câmara, falou por algumas vezes sobre o tema, “A vida dos saloios da região”, e outros não menos interessantes, tendo inclusivamente levado o grupo a visitar aquele museu onde é director e explanado com grande eloquência e rigor os milhares de desenhos, caricaturas, pinturas e objectos que se encontram na casa onde viveu o artista na Rinchoa em Rio de Mouro.
Não têm conta as pessoas que por a Associação passaram trazendo novos temas, como os portugueses na China, que um familiar de Lenine Abreu por diversa vezes falou na colectividade.
Também foram muitas as visitas que o rancho efectuou a museus e locais tidos como excelentes que acabaram por proporcionar um melhor conhecimento sobre o folclore e a etnografia aos folcloristas de Tercena e suas tão diversificadas culturas.
Lembramos a visita ao Museu de Mértola, onde existe um grande espaço dedicado às artes e ofícios alentejanos, suas ferramentas, costumes e tradições.
A visita ao Museu do Pão em Seia que também trouxe amplos conhecimentos sobre aquela arte panificadora e que, sobretudo os mais novos ficaram a saber como se fabricava o pão que diariamente comem, muitos desconhecendo até, como ele se fazia e as suas proveniências.
A visita ao Museu de Felgueiras, impressionante, mas lamentavelmente muito mal estimado.
Uma pena todo aquele acervo antigo exposto, a maioria, ao ar livre, degradando-se com a maior das facilidades que levou Fernando Silva a escrever à Câmara Municipal daquela cidade para não deixar morrer aquela preciosidade existente no seu município.
Visita ao Museu Municipal de Loures, na Quinta do Conventinho, onde se mostra algum acervo de objectos e costumes ancestrais, como a arqueologia, o traje, o mobiliário a cerâmica, os transportes e as alfaias agrícolas que tanto caracterizaram o povo saloio e muitas outras tradições do passado, onde o seu povo viveu e a forma como se desenrolou essa vivência, ou não fosse aquela vila, um local bem referenciado no panorama saloio.
O Museu instalado na antiga Fábrica de Louça de Sacavém, onde se mostra, não só parte do que foi a fábrica antiga, os seus antigos fornos de cozer, assim como o que nele se fabricava.
Muitos outros museus foram visitados, nas muitas deslocações e digressões que o grupo efectuou, tendo também especial referência o Museu que foi visitado em Ílhavo, aquando o rancho ali se deslocou que foca em pormenor a vida dos pescadores da sempre difícil faina do bacalhau, localidade que em tempos desenvolveu uma intensa actividade sobre essas pescas que ficaram famosas no nosso país, a caminho da Terra Nova.
Inesquecível também, foi a visita ao pequeno, mas bem esclarecedor Museu dos Rios em Constância.
Ali se concentra toda a vida de um povo dedicado aos seus dois rios, Zêzere e Tejo que se cruzam na vila poema, onde Camões dedicou largo tempo, já no seu tempo, encantado com as suas belezas que lhe deram enorme inspiração poética e também com a faina dos seus habitantes em redor dos faustos e profícuos rios, cruzados de dia e noite pelas lindas fragatas, varinos e tantas outros embarcações que ali estão muito bem representadas, assim como todo os atavios que os pescadores utilizavam na rude faina da pesca.
Os museus visitados nas deslocações aos Açores não têm conta pois em quase todas as ilhas existem espaços dedicados à vida de seu povo e ilha, destacando-se o Museu da Graciosa, onde o Dr. Jorge Cunha, seu director, explanou com grande conhecimento o que tem exposto no seu espaço, não esquecendo as lanchas que corriam os mares açorianos na caça à baleia, os seus aprestos, os moinhos de vento e afinal tudo quanto envolveu a vida dos habitantes daquela ilha, como as adegas, a feitura do vinho e todos os obsoletos utensílios utilizados em tempos mais recuados.
Na ilha do Faial, foi importante e bem esclarecedora a visita ao Museu da Baleia, onde em anos atrás se recebiam os crustáceos e os transformavam em óleos e farinhas, museu criado dentro da própria fábrica que deixou de laborar, devido à extinção daquela arte que era fértil, famosa e o principal ganha pão de todas as famílias das ilhas do arquipélago.
O Museu dos Baleeiros na ilha do Pico, que mostra em pormenor, não só os utensílios utilizados pelas armações, como toda a vivência dos pescadores, seus sacrifícios e afinal as suas conquistas que tanta vez lhes roubara a vida.
No Faial não podemos esquecer ainda as memórias do devastador vulcão dos Capelinhos, onde numa localidade bem perto dele, se mostra os destroços dessa grande desgraça, assim como, mesmo no centro da cidade da Horta se pode apreciar o museu da cidade, grandioso e bem explicito das artes e ofícios daquele povo, assim como mesmo à beira do cais, o bem conhecido “Peter”, que no seu famoso café expõe um extenso espólio dos trabalhos artesanais dos pescadores que viviam na ilha e ganhavam o seu pão nas lides do mar.
O “Peter” que era visitado por marinheiros de todo o mundo, que, passando pela cidade da Horta deixavam as suas cartas para que as mesmas dali seguissem para os seus destinos, casa que ainda hoje é considerada uma das mais famosas do arquipélago, pois não há ninguém que se desloca à ilha que a não visite porque a curiosidade das histórias contadas em todo o mundo, sobre aquele local era de facto muito grande.
A importância desse tão simples facto era tão lato no conceito social, pelo menos no conhecimento de novidades por parte das famílias dos pescadores e marinheiros que andavam meses no mar, que hoje, passados tantos anos, todos ainda querem conhecer esse local e lá está no primeiro andar todo o espólio conseguido pela família, sendo de destacar os magníficos trabalhos executados nos ossos das baleias.
Na ilha Terceira os museus e espaços museológicos são imensos, pois um dos mais significativos, é o Museu do Vinho na vila de Biscoitos, que mesmo na própria adega onde se produz esse precioso néctar, no primeiro andar existe um núcleo museológico que os seus responsáveis fazem questão de o mostrar a quem por li passa e os turistas são muitos, pois os Biscoitos, para além de uma excelente zona balnear, devido ás suas piscinas naturais, mostra todo esse acervo vinícola, e no Museu lá se encontram os seus adereços e todos os apetrechos ligados à indústria do vinho.
A mini, mas esclarecedora sala museu de S. Mateus na ilha Terceira, onde se concentram ainda duas das lanchas motoras, chamadas “gasolinas” da caça à baleia, também é muito procurada pelos turistas que ali aparecem.
O Palácio dos Capitães Generais em Angra do Heroísmo, com todo o requintado espólio da época onde ainda hoje serve para pernoitar as figuras ilustres que visitam aquela ilha, mostra um mobiliário riquíssimo e bem tratado, incluindo alguns objectos que nos fazem lembrar histórias famosas ocorridas na ilha e que a tornaram famosa, como a expulsão dos espanhóis, durante a estada os reis filipinos no século XVII, na sangrenta batalha da Salga.
Brianda Pereira, uma corajosa mulher que soltou o seu gado bravo dizimando o exército de nossos “irmanos” que ainda hoje exibe o simples, mas significativo monumento em pedra negra em S. Sebastião, mesmo junto ao mar, matando centenas de espanhóis que pretendiam tomar a ilha por assalto.
Mais tarde a Terceira assistiu e recolheu os revoltosos das guerrilhas provocadas pelo movimento “miguelista” e que deu uma vez mais a honra de Angra do Heroísmo voltar a ser capital da nação, factos que se podem analisar no edifício da Câmara Municipal na Praça Velha e que valorizam muito a ilha e o seu povo, que a dado momento passou a estar de costas voltadas com S. Miguel.
A visita guiada a pé pela cidade, mostra o rico património edificado de Angra do Heroísmo, com a subida ao Monte Brasil onde ainda se encontram as peças de artilharia que defenderam sempre a ilha por diversas vezes, durante alguns ataques àquela importante cidade que por duas vezes, teimosamente não se deixou vencer pelos inimigos, vendendo assim, cara a sua rendição.
A visita ao Museu de Angra do Heroísmo, trata-se de uma mostra indesmentível da situação e história geográfica, biofísica e humana das ilhas, onde muitas coisas do passado nos desnuda, entre elas uma grande colecção de coches e liteiras, transportes do passado utilizados pelos açorianos e alguns do continente, destacando-se o “Charanã” do século XIX, o “Cupé”, o “Vitória” e o “Milorde” assim como uma grande exposição sobre várias armas entre elas, metralhadoras utilizadas na I e II Guerras Mundiais, num magnífico trabalho artístico, não esquecendo as famosas Festas do Espírito Santo e as “Sanjoaninas” que são famosas em todo o mundo e levam à ilha milhares de forasteiros e turistas de todo o mundo.
O Convento de Santa Clara dedicado à clausura da santa com o mesmo nome, também foi uma das visitas que o Rancho de Tercena não perdeu, pois apreciou todo o valor ancestral e espírito religioso ali concentrado.
Mais para sul da ilha vamos encontrar o museu de Altares, igualmente bem explícito das actividades ancestrais que ali se praticaram, tal qual o de S. Bartolomeu que recebem muitos curiosos que por ali aprecem.
Ainda na Ilha Terceira, todos ficaram pasmados com a importância dada ao gado bravo, onde todos os dias se efectuam touradas à corda e o atractivo que elas constituem para o turismo.
A descida empolgante e sempre respeitada com muita emoção, ao Algar Carvão, ao fundo de um adormecido vulcão, para visitar as suas maravilhas naturais, como são as estalactites e estalagmites ali existentes.
Em S. Miguel, o rancho de Tercena visitou a Casa da Cultura em Ribeira Grande, adaptada à antiga casa do capitão Moura Arruda, construída no século XVII, que a partir dos anos setenta do século passado foi adquirida pelo Governo Regional dos Açores e transformada num importante núcleo museológico.
Mostra sobretudo os velhos ofícios da ilha, algumas reminiscências arqueológicas, assim como exibe com vaidade o grande presépio que começou a ser construído em 1913 por iniciativa do prior Evaristo Carreira Gouveia, tendo igualmente em exibição a evolução da azulejaria que se inicia no século XVI.
Não puderam ser esquecidos os viveiros de ananás, a beleza das bem tratadas flores na vila do Nordeste e tantas outras maravilhas ou não fosse a ilha uma das mais bonitas do arquipélago.
Em Santa Maria, mais propriamente na freguesia de Santo Espírito vamos encontrara Cooperativa dirigida por mulheres e que acaba por dar sustento a todas elas, onde se fazem os seus trabalhos comunitários, desde o fabrico do pão, ás rendas, aos fatos tradicionais dos grupos de folclore, e outros lavores artesanais que são postos a venda.
Fabrica-se, para além do pão vulgar, a “massa sovada” fornecendo todos os Impérios da ilha e pessoas que o desejem adquirir e o espaço ocupado pela Cooperativa é quase um museu aberto a toda gente, onde não faltam os velhos teares com que trabalham as lãs e as transformam em camisolas e outras peças de roupa que por norma são colocadas à venda na capital da ilha, em vila do Porto.
Ilha que viveu sob o signo da cerâmica em tempos mais remotos, devido às jazidas de almagre, com que se fabricavam os vários objectos, actividade que hoje praticamente se perdeu, mas restando o nome da freguesia, Almagreira, criada em 1906.
Em S. Jorge, o museu que o pároco das Velas possui num espaço dentro da sua igreja Matriz.
Uma colecção digna do maior apreço e um investimento que o dedicado padre Manuel da Silveira fez com a ajuda do povo para reunir ali um enorme e valioso espólio religioso.
Também bastante importante foi a visita à Fábrica de Queijos da Cooperativa da Beira, onde a qualidade impera, sendo de realçar as explicações dadas sobre como analisar a autêntico e rigoroso fabrico daquele queijo que é reconhecido em todo o mundo.
Todas estas visitas foram importantes para proporcionar mais conhecimento a todos quantos visitaram estas maravilhas espalhadas pelos mais diversos locais do nosso país onde o rancho de Tercena já esteve, pois embora muitos não apreciem devidamente, nem as classifique devidamente, foram momentos únicos que lhes ofertaram um pouco de mais conhecimento, sobre as artes, o património, as vivências e afinal como são diferentes as culturas do nosso povo, pese embora todas elas se congreguem numa pequena nação chamada Portugal.
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