AS “BARCARENA’S” DE OEIRAS E DO PARÁ
LIGADAS PELO MESMO SENTIMENTO RELIGIOSO
Ao lembrarmos a irmandade do Glorioso S. Sebastião de Cachoeira do Arari, no Brasil e a ida dos seus devotos a Belém do Pará, numa pré peregrinação, vem-nos à memória os tempos em que S. Sebastião era um santo querido em Barcarena.
S. Sebastião vivia de mãos dadas com o terceiro santo mais popular de Portugal e ambos tinham os seus templos, aliás continuam a ter, só que, enquanto um se transformou em Igreja Matriz da Paróquia de Barcarena, o outro, depois de recuperado pela autarquia, virou a Casa Mortuária e os festejos perderam-se por falta de interesse, ou quem sabe, esquecimento daquele que chegou a ter um peso religioso idêntico a S. Pedro. Até neste aspecto existe uma grande afinidade entre as duas Barcarena’s, já que a história que as gentes do Marajó contam, como terá nascido a nomenclatura daquela localidade, é praticamente idêntica à que por cá se vai recordando, ou seja “a bela princesa de nome Rena, vivia perto do ribeiro e passeava todos os dias na sua linda barca”.
O povo que passava ao lado, ao vê-la nos seus passeios matutinos e por vezes vespertinos, logo dizia embasbacado, como que coisa mais linda nunca tivesse visto, “lá vai a barca de Rena” e assim ficou para sempre o nome daquela terra que é presentemente sede de freguesia e pertence ao concelho de Oeiras, que por ironia do destino, também vamos encontrar perto do Piaui na Amazónia.
S. Sebastião era um santo idolatrado por uma família abastada de “Barquerena”, que por tal, mandara construir aquele templo no século XVI.
A Capela de São Sebastião de Barcarena, protector dos doentes da peste e dos artilheiros, teria sido um antigo moinho, ao qual se anexou uma pequena nave, o que, em nosso entender, não nos parece muito provável, já que a mesma se situa na base duma elevação com mais de cem metros de altitude, mesmo junto ao ribeiro, local pouco provável para tal edificação, no entanto outros garantem que a sua localização afastada do centro, se ficou a dever ao facto do seu padroeiro, ter sido o santo dos doentes infecciosos.
Não é conhecida a data de construção do templo, mas uma das pedras tumulares no seu interior, regista a data de 1599.
Esta Capela constitui um dos poucos exemplares deste tipo de arquitectura em templos católicos, pela sua planta circular.
Não obstante, o actual templo foi alterado do original, tendo sido reconstruído em finais do século XVIII, merecendo especial atenção os azulejos do início do século XIX, o púlpito, uma pia de pedra do século XVIII e o retábulo de madeira pintada e dourada da capela-mor, com uma escultura de São Sebastião em madeira estofada.
Não é conhecida a data de construção do templo, mas uma das pedras tumulares no seu interior, regista a data de 1599.
Esta Capela constitui um dos poucos exemplares deste tipo de arquitectura em templos católicos, pela sua planta circular.
Não obstante, o actual templo foi alterado do original, tendo sido reconstruído em finais do século XVIII, merecendo especial atenção os azulejos do início do século XIX, o púlpito, uma pia de pedra do século XVIII e o retábulo de madeira pintada e dourada da capela-mor, com uma escultura de São Sebastião em madeira estofada.
De realçar também o magnífico trabalho de escultura com decoração de folhagem e de flores.
A Capela, que tem sofrido diversas reformulações e restauros ao longo dos anos, esteve dotada ao abandono durante longo período, pelo que umas grandes obras tiveram lugar em 1999/2000, preservando esta memória patrimonial, que se encontrava muito degradada.
Neste templo guardam-se ainda os restos mortais de uma das proprietárias dessa grande quinta, que hoje é conhecida pela “Quinta do Sobreiro de Baixo” e que viria mais tarde a pertencer à família de Álvaro de Bré, um grande e famoso escultor, que deixou obra por todo o mundo, sendo a mais famosa, entre muitas outras, a que se encontra edificada na Califórnia.
Em 1939, Álvaro de Brée foi convidado a conceber a estátua dedicada a João Rodrigues Cabrillo, que acabaria por estar patente ao público no ano seguinte, na grande exposição de S. Francisco nos Estados Unidos da América, encontrando-se ainda em Point Loma - Sant Diego na Califórnia.
Cabrillo foi um famoso navegador e explorador português do século XVI, nascido em 1499, falecido em 1543, tendo-lhe sido atribuído o feito de atingir a Califórnia.
Ao serviço da coroa espanhola, o então Juan Rodriguez Cabrillo, efectuou importantes explorações marítimas no Oceano Pacífico, nomeadamente a costa Oeste, actuais Estados Unidos da América e por terra na América do Norte, participou na conquista da capital Azteca.
Álvaro de Brée foi também o autor da estátua erigida em Beja a D. Leonor, irmã de D. Manuel I, esposa do rei D. João II, uma magnífica obra escultórica que os bejenses muito se orgulham, evocando a grande criadora das Misericórdias em Portugal.
Este trabalho foi solicitado pelo governo de António Oliveira Salazar, e acompanhado pelo seu ministro, José Hermano Saraiva, que visitou por diversas vezes o escultor no sentido de se inteirar da realização da obra.
Álvaro João Vella de Brée, viveu na Quinta do Monte em Barcarena, numa linda casa apalaçada construída em 1835 século XIX, bem perto da capela de S. Sebastião, tendo sido um dos mais famosos escultores da primeira metade do século passado.
A sua quinta ainda hoje é considerada a jóia arquitectónica da freguesia de Barcarena, só que os seus filhos guardam nela, incompreensivelmente escondida, parte da obra do pai que não foi comercializada e como tal deveria ser mostrada a toda a gente, só que um deles, opôs-se terminantemente a tal e o local inicialmente escolhido há uns anos atrás foi precisamente a ermida de S. Sebastião, quando ela ainda estava em ruínas em risco de se perder, mas graças à atenção de Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, a mesma foi recuperada e devolvida ao povo, com a finalidade de guardar por momentos, os corpos jazidos dos seus moradores, antes de baixarem à terra.
Barcarena, continua ainda esperançada que um dia a sua conterrânea do Pará, se lembre de reactivar a tão discutida geminação, porque muitas mais histórias se viriam a descortinar de um lado e de outro, muitas mais amizades se iriam criar e não só a que perdura entre Fernando Silva e José Varella, e muito profícua viria a ser, social e economicamente.
Aguardemos tempos melhores e sobretudo apelar a S. Sebastião e porque não S. Pedro não possa também dar uma ajudazinha, para que na realidade voltem com alegria os anos já saudosos do final do século passado, onde as duas Barcarena’s, pareciam encetar um caminho próspero e de entendimento, mas depois… depois tudo arrefeceu, e foi com grande mágoa que nós por cá vimos tristemente gorado tão interessante e profícuo projecto de geminação.
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