A EXPOSIÇÃO DE PINTURA “PRETO NO BRANCO”
De Fernando Silva, marcou não só os seus cinquenta e cinco anos como autor dramático, e cenógrafo, como assinalou ainda o quinto aniversário do Museu Etnográfico de Tercena
Fernando Silva sempre teve uma certa inclinação para o desenho e pintura e mesmo sem nunca ter frequentado qualquer curso de artes, tentou sempre ser criativo, pintando, não só alguns quadros que guarda no seu museu, como cenários aplicados na sua maioria, em espectáculos que levou à cena no Grupo Recreativo de Tercena e posteriormente na Associação Cultural de Tercena.
O autor não esquece as suas pinturas aquando era muito novo com dez e quinze anos, que sempre guardou religiosamente, contudo quando se casou e mudou os seus haveres para a sua nova casa, sua mãe, descurou um pouco a arte e o conservadorismo de seu filho, a quem negou sempre a continuidade a sério e atirou para o lixo uma pasta com mais de vinte pinturas a óleo e desenhos, o que lhe causara grande tristeza pois ele guardara todo aquele seu espólio, para poder mais tarde mostrar aos mais novos, a forma como principiar uma actividade, muito útil para se obter uma melhor compreensão sobre a evolução de uma pessoa.
Os seus trabalhos são de qualidade medíocre, bem o reconhece, mas foram sempre importantes para que ele pudesse atingir alguns objectivos, como aconteceu com a arte dramática.
Eram muitas vezes os seus cenários ou aqueles que via em outros espectáculos que o inspiravam a novos trabalhos e assim tem acontecido ao longo da sua vida.
Neste momento, cinquenta e cinco anos depois de se ter estreado como encenador teatral, Fernando Silva orgulha-se de mostrar no seu museu mais de seis dezenas de pinturas, que o marcaram desde sempre e têm sido com elas que aconselha os seus visitantes mais jovens, para o facto de tudo possuir um princípio.
E assim mostrando os seus primeiros trabalhos, até atingir os últimos, a evolução deste artista amador, tem sido muito grande, acabando mesmo por afirmar diante da natural curiosidade das crianças que “uma casa não se começa pelo telhado”, nem sequer “um militar inicia a sua carreira como general, mas sim como soldado”.
Neste momento e depois de ter passado épocas largas sem pintar, Fernando Silva exibe com orgulho a sua exposição, “Preto no Branco”, uma colecção de trinta e cinco quadros desenhados e cobertos a tinta da China no formato de A3, que bem evidenciam a sua grande apetência por este tipo de pintura, uma vez que em 1982, última vez que utilizou esta técnica, foi bem sucedido, criando três quadros sobre a praia de Armação de Pêra que guarda religiosamente e que se encontram em excelente estado de conservação, sendo inclusivamente, um deles, a capa de um dos seus livros.
Os seus trabalhos estendem-se por diversas épocas desde 1973 até aos dias de hoje, mas sempre com grandes intervalos entre umas e outras, não esquecendo o período de jovem quando começou a gostar desta arte, mas longe da escolaridade especializada, por seu pai não possuir meios para o colocar na Escola António Arroio, como constantemente era aconselhado pelos seus mestres escolares.
Estes trinta e cinco trabalhos, retratam precisamente locais, não só da sua terra, como por onde o autor passou e se apaixonou com aquilo que visitou, tanta vez as coisas mais singelas da natureza, mas que acabaram por serem evidentes na sensibilidade do autor.
Pinturas especialmente recordando as ilhas açorianas, como o Pico, Faial, Terceira, S. Jorge e Espanha, assim como um grande número, mostrando locais do concelho de Oeiras, onde a freguesia onde nasceu não podia faltar.
A sua última colecção, efectuada em 1997, dedicada aos casais agrícolas de Barcarena, foi apresentada não só na Quinta do Filinto em Tercena, como numa mostra levada a cabo na Fabrica da Pólvora onde esteve durante algum tempo, sendo também a primeira e única até aos dias de hoje que as pinturas a óleo foram vendidas, o que, francamente constitui sempre um grande problema para ele, pois considera qualquer sua obra como um verdadeiro filho e como tal de difícil doação, ou inclusivamente venda, o que irá acontecer durante esta exposição onde todos os quadros irão ser postos à venda.
A exposição foi inaugurada a 25 de Novembro, efeméride que marcou a comemoração dos cinco anos do Museu Etnográfico de Tercena, mantendo-a patente ao público até finais do mês de Dezembro de 2011, e poderá ser visitada na sala multiusos da Quinta do Filinto das 10 às 22 horas, no entanto este trabalho poderá ainda ser mostrado em outros locais desde que hajam interessados em divulgá-lo.
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