“FALECEU JÚLIO MARQUES, HOMEM DEDICADO AO CINEMA E À FOTOGRAFIA E UM DOS INOVADORES DO TEATRO TERCENENSE”
Realizou-se o funeral de Júlio Marques, onde se incorporaram algumas dezenas de amigos e conhecidos, que bem sabiam que este homem morador em Tercena desde os anos quarenta, aqui encontrou sua esposa e na colectividade local acabaria por desenvolver uma intensa actividade cultural, independentemente de ter pertencido a vária direcções, por estas razões considerado um homem amigo da terra, empreendedor, tendo contribuído bastante para o seu desenvolvimento cultural e digno do maior respeito e consideração.
Júlio António Marques, vulgarmente conhecido em Tercena pelo “Júlio da Madalena” tinha 83 anos de idade, nasceu na freguesia de Santa Isabel em Lisboa, filho de Júlio Valentim Marques e Isaura da Conceição Marques, acabando por falecer no Hospital Fernando Fonseca na Amadora.
O Júlio veio para Tercena, pois morava no Cacém, na companhia do seu amigo Albino Ferreira, conheceu a Maria Madalena Nogueira, enamorou-se dela casou mais tarde e por cá ficou até ao dia onde malogradamente encontrou a morte.
Júlio Marques foi um grande elemento ligado ao associativismo, pois dedicou-se à arte dramática e das mãos dele saíram excelentes trabalhos na vertente teatral, pois como encenador, dirigiu vários grupos de jovens na organização, especialmente, de teatros de Carnaval, como as suas famosas operetas, “Na Corte do rei Ché-Ché” e “Bocácio na Rua”, entre muitas outras, sendo mesmo um dos principais inovadores do teatro musicado na colectividade.
Para além disto foi fundamental o seu empenho na caracterização, contra regra e decorador de bom gosto, pois foi graças às suas ideias e realizações que se fizeram espectáculos bastante agradáveis, não esquecendo o seu profissionalismo na arte fotográfica que, o empregou muitas das vezes ao serviço da colectividade e assim a publicidade provocou muito mais impacto aos espectáculos que nela se faziam.
Criou-se uma certa polémica em redor de uns fardamentos novos para os músicos e uma das partes afirmou na altura que tinha sido o Júlio e a sua direcção, que provocou o desmantelamento da Orquestra, que era considerada a mais famosa da Área Metropolitana de Lisboa.
Em nossa opinião a culpa foi de ambas as parte, pois já havia uma certa saturação por parte dos músicos, pois os elementos da Orquestra já se sentiam grandes vedetas pelos elogios que recebiam em todo o lado onde actuavam e quiseram impor ordens, o que terá contrariado a direcção da colectividade e ter feito o desarranjo de ideias, acabando de vez aquele agrupamento que já vinha dos anos quarenta, quando o mesmo foi mudado de instrumentos de corda para metálicos e Júlio Gonçalves assumira o comando da mesma por desistência do Mestre Oliveira do Cacém que estava à sua frente desde a fundação do Grupo.
Mas nem tudo foi mau, pois numa das suas direcções, o Júlio Marques criou um novo piso sobre o bar, permitindo assim proporcionar no novo espaço uma sala de jogos, ficando mesmo em destaque o jogo de bilhar, outra inovação em Tercena, pois a partir daquela altura a colectividade passou a recebe muito mais gente, principalmente jovens.
Independentemente disso, em 1961 participou na organização de um grande corso de Carnaval, que ficou marcado pelos muitos carros alegóricos que o compunha.
Sempre ligado ao cinema pois trabalhava na “Pathé Baby” em Lisboa como operador cinematográfico e especializado em fotografia, exibiu várias sessões cinematográficas na colectividade e filmou esse mesmo corso que acabaria por ser um êxito, sob a realização de Fernando Silva, nessa altura grande parceiro de Júlio Marques na arte dramática.
Na vertente profissional, o Júlio fez um excelente trabalho na “sétima arte” pois recordamos o acompanhamento de uma visita Papal ao nosso país, desde Itália, assim como a reportagem e filmagens técnicas do fatídico terramoto de um de Janeiro de 1980 na Ilha Terceira, trabalho para o Laboratório de Engenharia Civil onde nessa altura já trabalhava e ainda, entre muitos outros serviços de destaque, foi um dos que filmou a visita de sua majestade a Rainha de Inglaterra a Portugal.
O Júlio deixou o associativismo passados uns anos, devido à vida atarefada que levava no Laboratório de Engenharia Civil, pois tinha que se deslocar a vários locais, não só do país como no mundo para executar filmagens e a colectividade de Tercena perdeu muito com isso.
O seu funeral realizou-se para o cemitério de Barcarena tendo sido velado na casa mortuária da Igreja de Santo António em Tercena de onde saiu o enterro, sempre acompanhado de muita gente que bem o conhecia e sabia dos seus feitos aquando viera para esta localidade, ao serviço no associativismo, não esquecendo a grande competência que sempre demonstrara na arte cinematográfica, como na fotografia, pois não havia festa nenhuma em Tercena que o Júlio não fotografasse, pois era ele sempre que tomava o comando dessas operações.
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