quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Santa Bárbara Padroeira dos Polvoristas

SANTA BÁRBARA FOI RESTAURADA
 E JÁ ESTÁ NO MUSEU DA PÓLVORA NEGRA

     A escultura de Santa Bárbara foi recentemente restaurada, encontrando-se agora no museu da Pólvora Negra na Fábrica da Pólvora, sendo de momento uma das importantes peças museológicas daquele local.
  Santa Bárbara, que andou durante muitos anos a ser maltratada pelo abandono que lhe foi dado, esteve durante muitos anos num nicho     construído, no pátio, onde funcionava o armazém geral da empresa, precisamente onde se encontra actualmente o museu, mesmo junto à escadaria que dava para a casa do relógio.
  Depois, foi retirada desse nicho e foi então quando terá recebido mais maus tratos, provenientes dos efeitos do tempo, completamente ao abandono, contudo, segundo estudos e informações de pessoas antigas, a escultura terá sido concebida pela administração belga que entrou para a Fábrica em Novembro de 1951,já que algumas pessoas com quem contactamos sobre a sua origem, ninguém nos soube informar se a escultura já existia antes da administração dirigida por Armand Simon Jonet.
   Nós que assistimos pessoalmente desde sempre às manifestações religiosas no seu dia, 4 de Dezembro, promovidas pela administração belga, a escultura nunca foi utilizada nas missas campais que foram feitas nos anos cinquenta e sessenta.
   O decorador Artur da Costa Ramos, chamado sempre para promover as decorações das improvisadas capelas, quer ao ar livre, quer em oficinas antigas, onde se ministrava a missa de Santa Bárbara, aquela escultura, curiosamente, nunca fora utilizada e talvez devido ao seu tamanho, ao seu estado de degradação e elevado peso.
  A Santa, segundo os técnicos e estudos efectuados terá sido concebida em gesso com armação em madeira interior, no decurso dos anos 50 do século passado, contudo, mantemos algumas dúvidas quanto a essa ideia, pese embora tenham de ser respeitadas essas informações analógicas.
    Segundo Belazer Caetano Farinha que foi admitido na Fábrica da Pólvora em 1947, quando entrou ao serviço da empresa, garante que a escultura já lá existia, mas contrariando um pouco esta informação, Manuel Sena, ao ter entrado para a Fábrica em 1940, garantiu-nos que nunca se lembra de ver lá a escultura de Santa Bárbara, mas também é verdade, acrescentou a mesma fonte, que nesse período ninguém festejava esse dia do ano, (4 de Dezembro), actividade que só durante o “reinado belga” se iniciou.
  Belazer Farinha diz recordar-se haver duas santas, uma delas muito mais bonita e que parecia ter entre mãos uma casa junto ao regaço.
     “A Santa que eu conhecia na altura em que entrei para a Fábrica era uma escultura muito tosca, dando a sensação de ser muito antiga”.
  “Aquela estátua que eu me lembro de ver era muito anterior aos anos cinquenta, mas eu acrescento ainda que me lembro de ver uma outra imagem de Santa Bárbara que chegou a estar guardada no velho museu por debaixo da casa do relógio”, afirmou Belazer Farinha.
  “A Santa que agora foi restaurada não era a mesma, era aquela que eu me lembro de ver toda velha, ratada e quase não se percebendo que era uma imagem, mais parecendo um pedaço de gesso informe”.
    “Essa santa que eu me lembro também de ver, nada tinha a ver com a outra, inclusivamente era mais pequena, pois essa era uma coisa tosca e na minha opinião perdura ainda a ideia de que ela tinha uma casa entre mãos”.
   “De certeza que havia nos anos cinquenta uma Santa nova que estava guardada no museu, junto de uns quadros pintados pelo Albino Carpinteiro. Era aí que ela estava”, concluiu aquele antigo funcionário admitido em 1947.
   Contudo, e ainda em nossa opinião, a escultura poderia ter sido levada para a Fábrica no princípio dos anos cinquenta, adquirida em qualquer casa de velharias, pelo director da Fábrica, Armand Simon Jonet, já que ele e a sua esposa, eram pessoas excessivamente dedicadas ao catolicismo, e portanto ter sido concebida muito anterior àquela data, e isto porque Luís Seixas garantiu nos seus estudos inerentes ao respectivo restauro, que a mesma apresentava uma policromia evidente.
     Foi baseado nesses exames e análises, que foi decidido voltar a dar-lhe cores aproximadas, mas a grande verdade é que nos anos cinquenta, quando a mesma passou a ser observada pelo pessoal da Fábrica da Pólvora, a sua cor era branca, ou seja, aquela que identifica o seu principal produto de feitura, ou seja o gesso.
    Daí as nossas grandes dúvidas da escultura ter sido concebida nos anos cinquenta, mas sim muito antes, embora esta teoria venha contrariar um pouco as análises efectuadas quanto à época em que fora construída.
  A imagem de Santa Bárbara esteve guardada num armazém durante muito tempo e já após a Câmara Municipal ter adquirido a Fábrica, foi então alvo de restauro, encontrando-se agora bastante diferente, trabalho que se pode considerar louvável, pois a cor branca que sempre lhe conhecemos desde os anos cinquenta, foi trocada por cores próprias de suas roupas e tonalidades da pele, assim como as próprias feições da escultura ao serem retocadas, deram-lhe um visual muito mais agradável, parecendo-se bastante com a iconologia que se conhece daquela famosa santa que viveu no seio de uma família pagã, e que ainda hoje é o verdadeiro símbolo religioso dos polvoristas, artilheiros e a quem vale na crença das pessoas nos dias de trovoada.
    A Santa ficou agora, depois de ter sido dada todas as explicações sobre o moroso trabalho de recuperação pelo artista Luís Seixas, logo à entrada do museu num espaço preparado, bem enquadrado, valorizando assim muito mais o Museu da Pólvora Negra na Fábrica da Pólvora em Barcarena.

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