OS QUADROS A ÓLEO LEMBRAM VIDAS E LOCAIS DE OUTROS TEMPOS
Os quadros existentes são por isso antigos, lembram vidas e locais antigos desta terra, muitos pintados antes dos anos sessenta, outros da década de setenta, sem grande significado, mas focam, logo à partida, o grande gosto e estilo que o seu autor sempre manifestara e também o seu espírito conservador, daí ter criado um certo interesse pela museologia, na medida em que nunca pensou em vendê-los, pese embora tivesse sido assediado para tal.
No momento da exposição ao público, Fernando Silva foi confrontado com os proprietários dos motivos pintados por ele, viu-se na obrigação de vender alguns, que na realidade, não sendo caros, lhe valeram algum dinheiro que deu para o investimento havido com aquela colecção de 21 quadros.
Na realidade, o dinheiro acabou por desaparecer num ápice, mas a obra, essa, a grande essência do seu trabalho, sumiu-se de suas mãos e isso foi um dos principais factos que levaram o autor a não vender mais nenhuma obra sua, mesmo que ele próprio a tivesse considerado má.
Ficaram estas obras sem valor, sem reconhecimento, sem distinção para a posteridade e então quando ele desaparecer deste mundo poderá ser que lhe seja reconhecido algum valor.
No Museu, por exemplo existe um grande cenário pintado em 1991, a propósito de uma revista teatral levada a cabo na Associação Cultural de Tercena, que, passará a ser uma verdadeira e digna obra de museu, uma vez que a estação de caminho de ferro foi trocada por outra.
O Museu orgulha-se de o exibir, altaneiro numa das suas paredes e o seu autor, vaidoso porque se trata de um testemunho importante do progresso demográfico desta localidade da linha de Sintra, que viu partir dela com destinos variados, milhares de passageiros e depois, por não ter havido compaixão por estas antiguidades e preciosidades do passado, ficará aquele verídico testemunho que Fernando Silva muito se orgulha de ter pintado.
Neste espaço museológico ainda vamos encontrar algumas pinturas de flores, legado por um grande amigo tercenense falecido em 1996, aquando, de visita a Portugal por se encontrar emigrado nos Estados Unidos, faleceu num acidente de viação.
João Luís Carrega, tinha oferecido a Fernando Silva todos aqueles exemplares, por saber que a sua família não era muito apreciadora e quis malogradamente que o destino lhe roubasse a vida meio ano depois, nessa maldita visita que fizera à sua terra, Tercena.
As pinturas encontradas no Museu, são bem identificativas do estilo de seus autores e marcam locais, muitos já desaparecidos e só por isso, serão dignos de figurarem no Museu Etnográfico de Tercena, de que o seu criador muito se orgulha de ter concebido e que se encontram expostas podendo ser visitadas a qualquer hora do dia em Tercena na Quinta do Filinto.
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