sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As ruas e urbanizações com nomes desconhecidos

NOVA URBANIZAÇÃO DE TERCENA DEVERIA CHAMAR-SE
 BAIRRO “DR. JOAQUIM CABRAL”
      Se a arquitectura do passado está ameaçada, com casas dos séculos XIX e XX em franca degradação, a caírem aos bocados, telhados a ruir e jardins repletos de silvados, a grande verdade é que em outros bairros de Tercena, começam agora a aparecer novas edificações que muito vêm embelezar a terra e caracterizá-la com as suas modernas linhas, a sua arquitectura modernista e de visual bastante agradável.
  Ao cimo da Av. da Juventude, vamos encontrar, precisamente nuns terrenos onde antigamente se encontrava o “Moinho do Cabral”, vizinho do ainda existente “Moinho Encarnado”, estruturas saloias que já não funcionaram durante todo o século XX, com o primeiro a resistir, com as suas desmoronadas e enegrecidas paredes, até finais dos anos noventa, por total abandono, uma nova urbanização que nos atrevemos a baptizá-la por “Bairro Joaquim Cabral”.
       Ali resistiu heróico e altaneiro esse velho moinho, que moeu muitos milhares de alqueires de trigo e que, em tempos funcionou com uma grande dinâmica, já que os terrenos envolventes eram de ondulantes e louros trigais, pertencentes, entre outros proprietários ao agricultor João de Peles e ao famoso médico barcarenense Dr. Joaquim Cabral.
   Essa urbanização está em franco crescimento, com vivendas encantadoras, que não fogem ao mesmo estilo e que, depois de concluída irá valorizar ainda mais Tercena, que aos poucos se vai esquecendo das suas características rurais, passando a uma localidade onde a modernidade começa a imperar.
    Muito tempo parada, com a suas casas típicas térreas, dotadas de quintais onde se criavam animais e logradouros onde as couves e as alfaces cresciam constantemente, hoje já são poucas as existentes, pois as demais têm sido adquiridas por construtores e transformadas em altos edifícios, mais rentáveis, dando força à especulação imobiliária, que, por mais casas que se construam, mais caros vão sendo os seus alugueres, ou preços de venda.
    Certamente será o que está reservado a todas as antigas vivendas que se encontram no bairro da Estação, pois o seu abandono por parte dos proprietários, levarão certamente à demolição geral e nesses espaços, a construção de prédios altos, rentáveis, a exemplo do que aconteceu no bairro contíguo, mesmo diante da estação de caminho de ferro, e francamente, para não destoar muito do que foi feito no outro lado da linha férrea, em Massamá.
  O bairro que nos atrevemos a chamar “Joaquim Cabral”, cresce a passos largos e em breve será mais um espaço dormitório de Tercena, sossegado é certo, mas que virá a ser habitado por gente de grande poder económico, o que contrastará com a pessoa que neste caso, lhe poderá vir a dar o nome, pois o famoso médico de Barcarena, era uma pessoa popular, amiga dos pobres e defensora das classes mais desfavorecidas.
   De qualquer forma, a verdade é que aqueles terrenos estão a ser transformados à força do betão e só esperamos que a Câmara Municipal se lembre de ali introduzir algo que embeleze e caracterize o bairro e porque não uma praceta com um antigo moinho de vento, não só para preservar esse antigo edifício que ali existiu durante mais de um século, como também prestando homenagem a uma zona que foi, sem dúvida um dos grandes celeiros de “Torcena” antiga, não só pelo cultivo do trigo, como também pela pastorícia, já que era ali que pastavam diariamente os imensos rebanhos de ovelhas do agricultor João de Peles.
   O novo bairro tem as suas ruas com nomes de escritores e jornalistas, na sua maioria desconhecidos, que nada dizem à população antiga e muito menos aos seus novos habitantes, pois vamos encontrar a rua Jorge de Vasconcelos que apenas se sabe que foi jornalista e viveu entre 1937 e 1993.
   David Mourão Ferreira também dá nome a uma rua, mas este sim, é bem conhecido de todos nós, como escritor e um dos grandes poetas portugueses. David de Jesus Mourão-Ferreira nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a 16 de Junho de 1996. Foi um escritor e poeta lisboeta licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor, tendo-se destacado como um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX. Mourão-Ferreira trabalhou para vários periódicos, dos quais se destacam a “Seara Nova” e o “Diário Popular”, para além de ter sido um dos fundadores da revista “Távola Redonda”. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal “A Capital” e director-adjunto do “O Dia”. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura, de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979. Foi por ele assinado, em 1977, o despacho que criou a Companhia Nacional de Bailado. Mourão Ferreira foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP.
  Já o escritor António Ferreira, não tem qualquer cabimento nos topónimos da localidade pois nasceu em 1528 e faleceu em 1569 e hoje já ninguém sabe afinal quem foi, devido a ter-se passado mais de quatro séculos sobre a sua morte, contudo foi um escritor e humanista português, considerado um dos maiores poetas do classicismo renascentista de língua portuguesa, conhecido como "o Horácio português".
  João dos Reis Gomes dá o nome a uma outra rua, tratando-se de um escritor/professor que viveu entre 1869 e 1950. Nasceu na freguesia da São Pedro, Funchal, a 5 de Janeiro de 1869. Entre 1892 e 1917 pertenceu ao quadro de arma de Artilharia, passando à reserva no posto de major em 31 de Março de 1917. A sua carreira de professor foi iniciada no magistério do ensino secundário em 1900 como professor provisório do Liceu do Funchal. Durante 28 anos prestou serviços nessa instituição na secção das Ciências, cargo que teve de abandonar por incompatibilidade legal como professor efectivo do ensino técnico da Escola Industrial do Funchal. Em Dezembro de 1922 promoveu e orientou as festas do 5º Centenário da Descoberta da Madeira e em Outubro de 1927 organizou a Delegação no Funchal da Sociedade Histórica de Independência de Portugal.
 Foi director do “Heraldo da Madeira” e de 1916 a 1940 do “Diário da Madeira”. Segundo
Luiz Peter Clode, João Reis Gomes “foi o primeiro dramaturgo que em Portugal fundiu a acção do cinema com a do teatro, no último quadro da sua peça histórica: Guiomar Teixeira em que se desenrola ao fundo na tela uma batalha entre cristãos e muçulmanos, comentada no primeiro plano pelos intérpretes que se consideram dentro da fortaleza de Safin”.
    Vamos encontrar ainda a praceta José de Figueiredo que nasceu em 1899 tendo falecido em 1965,mas pouco se sabendo sobre esta figura. Dão-se nomes às ruas e urbanizações que nada dizem à freguesia, nem ao concelho, quando afinal temos por cá gente que teve uma acção meritória, criativa e que muito contribuiu para o desenvolvimento desta terra e acaba por ser ignorada.
   Não sabemos quem atribui estas nomenclaturas às ruas, mas a grande verdade é que antes de serem baptizadas, deveriam ser consultados os responsáveis das autarquias locais para que estes promovessem sessões de recolha, no sentindo de se conseguir saber, junto da sociedade quais as pessoas antigas que merecem figurar na toponímia da localidade onde nasceu, ou viveu parte de sua vida.
     No bairro por cima da Fábrica da Pólvora, esse trabalho foi feito, e muito acertadamente, pois todos aqueles nomes de ruas têm um grande significado para o povo da freguesia porque foram pessoas e locais que muito dignificaram a nossa região.
    Era esse exemplo que deveria ser seguido para as demais urbanizações que aos poucos vão aparecendo na freguesia e esta em Tercena, que consideramos de grande qualidade, deveria na realidade ser baptizada como o Bairro Dr. Joaquim Cabral, porque se tratou de um grande e humano clínico da nossa freguesia.
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A arte dramática em Tercena existe desde 1928

A IMPORTÂNCIA DOS ENCENADORES
NA CONTINUIDADE DO TEATRO TERCENENSE

        Falar hoje da importante e profícua acção dos encenadores que passaram por Tercena, é um dever, uma obrigação, um momento de verdadeira reflexão sobre o futuro da arte de Moliére, para que todos possam conhecer melhor como nasceu o teatro nesta terra e quanto difícil vai ser mantê-lo por muitos mais anos.
     Não podemos esquecer nomes como Américo de Carvalho, o primeiro encenador que o GRT teve, Mestre Moreira, Augusto Martins, Fernando Martins, Libertário da Silva Freire, Filinto Silva que nos anos vinte e trinta, dirigiram teatro em Tercena, onde a capela foi transformada em santuário teatral, ao serviço do associativismo.
    Por exemplo, Américo de Carvalho, Augusto Martins, Fernando Martins, Mestre Moreira, entre outros foram responsáveis por grandes trabalhos, como “A Santa Inquisição”, “Recompensa”, “Migalhas também é pão”, “Dar corda para se enforcar” “O Ladrão de Casaca”, “Jogo de Rua” entre muitas outras peças, para além das habituais récitas de Carnaval que sempre foram a razão da descoberta de novos talentos na difícil arte de encenação.
    Vamos encontrar depois Joaquim Rodrigues da Silva o “Batateira”, que para além de grande amador dramático, era dotado de uma fibra muito especial para dirigir teatro, baseado na sua grande experiência como amador, de salientar o “Escravo” que ele próprio interpretou, ou não tivesse em sua casa o seu irmão, um prodígio na música e nas artes cénicas que deu pelo nome de “Jaime Barcarena”, grande maestro que deu brado como profissional.
 Joaquim Rodrigues da Silva faleceu recentemente e é dele que iremos falar, abordando inclusivamente alguns momentos da sua atribulada vida, mas jamais deixando a actividade teatral.
    Mas outros encenadores passaram por Tercena como Júlio Gonçalves, João Marques Boletas, exímios em dirigir drama, comédia e variedades, Júlio Marques com as suas operetas e teatros de Carnaval, Hermenegildo Cândido, talentoso mas infeliz no seu espectáculo de estreia, “A Justiça” de Ramada Curto, valendo para o fraco êxito na Mostra de Teatro a nível nacional para o Secretariado Nacional de Informação, a sua falta de experiência e a infelicidade de ter escolhido um autor com grande peso no panorama teatral português, porque para além dessas falhas o espectáculo foi excelente.
  António Pereira, algo frustrado nestas andanças de encenação, mais preocupado nas suas intervenções como amador, nunca tentou verdadeiramente a encenação, embora tivesse escrito inúmeros textos, mas mais interessado na interpretação, sendo mesmo considerado o melhor amador que passou por Tercena no século passado.      
    Surgiu depois a época de Fernando Silva, com larga experiência do teatro profissional, pois teve oito anos seguidos que não faltou a nenhum espectáculo que se estreasse na capital e isso deu-lhe vastos conhecimentos como encenador, tendo inclusivamente frequentado um curso prático no teatro da Trindade durante a peça de Hugo Bety “Lutar até de Madrugada”, onde assistiu desde o primeiro ensaio à última representação, com o apoio da sua vizinha a actriz, Isabel de Castro.
    Valorizou-se nas revistas à portuguesa que se representavam no Parque Mayer e foram êxito, a “Primavera em Tercena”, o “Tasse mesmo a ver não Tasse”, “Pernas ao Léu”, “Quem Sobe Sobe” “Haja Alegria”, ”Mas ca Ganda Pinga”, “A Sucata do Pantanal”, “Cuidado com o Pikoku”, “Recordar é Viver” “A Saloiada no Pantanal” “Oh Quem me acaba o Resto”, “Os Amiguinhos da Casa da Pia”, entre muitas outras, levando à cena mais de meia centena de espectáculos, comédias e dramas ao longo dos 25 anos que teve ao serviço do Grupo Recreativo de Tercena, e 17 na Associação Cultural de Tercena, todos de sua autoria, à excepção do “Lutar até de Madrugada”.
   Surge então Mário Raimundo que inicia a sua carreira como encenador nos anos setenta, marcando uma posição de grande destaque, com trabalhos de sua autoria e de António Pereira, mas limitando-se a actos de variedades transformados em improvisadas revistas que bastante força deram à colectividade e muitos amadores novos descobriram, alguns deles a sustentarem ainda hoje o elenco teatral do GRT.
  Nesta época surgiram ainda associados a Mário Raimundo, parcerias com Maria Lalande e Francisco Ferreira que assinaram trabalhos de alguma qualidade.
    Pessoas que sempre lutaram pelo teatro, pese embora todos eles com características bem diferentes, e foram essas diferenças que dignificaram e versatilizaram, o teatro desta terra, fornecendo diversas correntes específicas e criando amadores de grande nível artístico amador, pena foi que a sua grande maioria tivesse abandonado o teatro bastante cedo, como Horácio Queiroz, Sérgio Cunha,  Florêncio Aguiar, Fernando Henrique, Maria dos Santos, José Serafim da Silva, António Segurado, Pedro Cândido entre muitos outros.
   Depois da morte de Merceano Dias, um outro grande amador, resistiram a essa leva dos anos cinquenta e sessenta, os amadores, Emília Silva, Joaquim Peres e Mário Raimundo que ainda hoje, com mais de sessenta anos de idade ainda representam.
     Neste dia em que mundialmente se relembra o teatro, aqui deixamos um forte apelo para que as gerações vindouras e as que neste momento lutam contra a injustiça do grande público se ter divorciado das lides cénicas, fortaleçam a modalidade para que possamos continuar a mostrar a grande tradição do povo desta terra, pois foi o teatro que uniu casais, que fez amizades, que instruiu, dando palavra e conhecimento a analfabetos, experiência a muita gente, com múltiplos exemplos aprendidos em cima do palco que bem serviram para a vida quotidiana de cada um.
    O teatro profissional hoje vive, apenas com o sentido da sobrevivência dos actores, pois esqueceram-se as grandes produções, os clássicos autores e isto também tem a ver com o facto do público parecer mais interessado nos “reality shows” que as televisões apresentam, onde de teatro nada existe, apenas o nudismo, as irreverências, a falta de decência e de cultura dos seus intervenientes, o que não nos parece ser nada agradável para a manutenção e continuação da arte de Moliére no nosso país.
    É isso que prende o público ás televisões e entretanto as companhias de teatro mantém-se sem público, optando por produções baratas, com reduzido número de actores e a trabalharem apenas alguns dias por semana e não na sua totalidade o que define e bem a crise que o Teatro atravessa.
    Neste dia em que o teatro é sempre notícia em todo o mundo, desde os grandes grupos, às mais modestas companhias, aqui deixamos o nosso agradecimento e homenagem sincera aos encenadores de Tercena, que, se não fosse a sua insistência, o seu querer, a sua grande vontade de engrandecer a arte, hoje o teatro passaria despercebido nesta terra, como aliás acontece na maioria das localidades do nosso concelho, efeito que se estende a todo o Portugal.
       Pessoas, como Mário Raimundo, Francisco Ferreira, Maria Lalande, Fernando Silva, Hermenegildo Cândido, António Pereira, Joaquim Rodrigues, Júlio Gonçalves, João Marques Boletas, Júlio Marques, António Martins, Fernando Martins, Mestre Moreira, Libertário da Silva Freire, Filinto Silva, Américo de Carvalho e tantos outros, que honraram com os seus bons, ou maus desempenhos, conseguiram feitos que são hoje a grande honra e orgulho que todos nós exibimos, de sermos a única freguesia do concelho de Oeiras que mais grupos de teatro possui e todos eles em permanente actividade durante todo o ano.
    Que estes homens sejam um grande exemplo, um enorme incentivo, para poderem continuar a manter o teatro por muitos mais anos nesta localidade.
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Barcarena de outros tempos

«BARCARENA LENDÁRIA»
Mitos, lendas e curiosidades da freguesia de Barcarena

   Barcarena contérm muitas lendas e mitos, alguns que bem podem ser assimilados por  apresentarem alguma verosimilidade, outros nem tanto, mas a verdade é quer todos eles são dignos de registo,porque acabam por faszer parte da hist´+oria da  freguesia.
   Ningué,m poderá hoje imaginar o valoir que possuía a Ribeira de Nina em Valejas, que naauele tempo tinha essa denominaçlão mas que actualmente é conhecida pelo Jamor:
~  Um ribeirto sem grande influyência que vai desaguar ao rio Tejo e que, nestes últimos anos tem estado bastante poolu+ida, há uns séculos atráss era uma das razoáveis fontes das dfinanças do reino, pois dela  era retirado  fundos avultados que tinham de ser pagos, através dos cobradores da ´+época que canalizavam aquelkes fundos para o respectivo rei.
 A ribeira do jamor que de momento, pouco ou mesmo nenhum peixe contém devido à grande poluição, em tempos recuados era forte em pescado e quem nela pescava, tinha de pagar uma dízima que os cobradores de impostos não perdoavam, pelo menos é o que consta  em  antigos documentos que fazem referência a essas cobranças:
   O rio Rejo estava bem mais acima do seu nível e como tal aságuas entravam nas três ribeiras existentes na área do concelho e por isso mesmo o pescado  refugiava-se nelas naturalmente.
  Os alivros antigos dão conta também das grandes barcas que suviam a rIbeirade Barcarena, durante a maré cheia, pois vinham buscaros barris de pólvora para serem levados para as grandes naus que  atravessavam o  oceano a caminho fdas possessões  então conquistadas pelos portugueses.
   As barcas vinham vazias  ribeiro a cima e ficavam bem perto da f´brica.
 Eram carregadas  e  quando a maré voiltava a subir  deslizavam  ribeira a baixo, até ao  rio; onde as esperava bnna grande baía de Paço de Arcos, as naus, sendo depois descarregadas.
 P´+olvoras que seguiam para diversos sítios que iam assegiurar a manutenção desses territórios, conmtudo hoje, com o abaoxamento do nível daságuas, essas ribeiras não são navegáveis e as novas gerasções  custam-lhe a acreditarque isso foi possível, no entanto, sabe-se que o mar h´´a muitos milhões de anos, tinha baixado grandemente, a ponto de  ter subido depois cercade cento e vinte meytros de altura, e foi nessepeíodo que as ribeiras eram navegáveis,  como nos prova ainfda hoje, o castro neolítico de Lecei, onde foram encontrados a alguns Metros acioma do actual nível das águas, conchas, cascas de mexilhão e inclusivamente um anziol, o que prova que, o mar chegava ali, e por essa ribeira entravam barcos que  iam a “Lycea”    transacionar produros, comno a comprade  avzeite, vinho e cereais em trioca de  cerâmivvcas e outras  vcoisas de que bdessitavam os moradoresdaquela  zona.
    Também não é menos verdade a história que se conhece  e se diz ser a origem da nomenclatura de Barcarena, em tempos mais recuados, conhecida por Berquerena.
   Dizia-se viver por ali perto, uma   rapariga Muito bonita; que, por ser filha de gente abastada, possu+ia uma linda barca, na qual passeava de quando em qusndo nas águas  di ribeiro.
    Essa  rapariga, que  se conhece como sendo uma primncesa, chamava-se Rena e como  barca se encontrava por ali sempre ancorada, quasndo a  bela menina não a Utilizava, as pessoas que passavam pela margem do rio, garamtiam tratar-se da barca de Rena e assim ficou baptizado olugar,  como  Barquerena que  resistiu a>té aos nossos dias.
   Muitas foram as lendas e histórias que se contam sobre esta freguesia e que acabarm  não só por dar nome àslocalkidades, como criar hábitos que hoje  são impensáveis.
  Tercena, vem da palavra  árabe Torgena que  no século XIII dava nome ao local que hoje conhecemos com a nomenclatura de Tercena.
  Segundo se constatou em estudos efectiuados na Torre do tombo todo este espaço agríciola pertencia a uma família queb era conhecida pelos “herdadedpos homens de Torgena”, família de agricultoresque viviam do amanho das férteis terras, que mais tarde, confirmariam mesmo essa fecundidade, mas que depois se transformara,m por força daa modernidade em bairreos urbanos, pois já dizia o grande Marqu~es dePombal, que as terras de Cabanas eram as mais férteis da Europa  e por isso já na nossa contemporaniedade confiremanos isso mesmo, com as grandes searas de trigo qwue ali se produziam e quew deram origem a uma invasão de pessoal oiriundo de va´rias partes do país  e que baptizaram as suas trabalhadoras, por Macanitas.
 Torgena foi o nome dado a todo este espaço que depois se foi definindo e dividido por parcelas a ponto de termos conhecido diversos nomes, todos influenciados nessa primeira nonemclatura, como Tarcena, Tracena e até à sefunda década do século XX, Torvcenna e só depois,, se definiu o nome da terra passando a ser cobnhecidapor Tercena, por finalmente, entenderem os mais letrados que Tercena  eram silos cerealíferos  à beira rio, ou arsenais onde se guardavam explosivos, ideia que só é conhecida a partir do século XV  com a implantação da rudimentares fábricas de pólkvora conhecidas pelos engenhos cruados à beirada ribeira e só em 1729, ter nascido a sério a   Real Fábrica da P´+olkvora, hoje, felizmente extinta.
  São todas estas histórias que dão noem ás terras, que completam o seu historial, facto que  foi sempre ignorado, ou antes, desinteressado,mmas que, a partir de um maior desemnvolvimento cultural, as npovas gerações  entenderam fazxer estudos sobre o passado, baseados em  escritos deixados e que hoje muito < contrbuem para o conhecimento e evolução dos nossas povos, dos nossos descendentes, afinal das nopsdsas verdadeiras raízes.
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Figuras castiças de Tercena

DESDE O “JAVARDO” AO “PIRUÇAS”,
 TERCENA CONVIVEU SEMPRE AO LONGO DOS TEMPOS, COM UMA FIGURA CASTIÇA

   Ao longo destas últimas gerações, Tercena encontrou sempre várias pessoas que se distinguiram, pela sua forma caricata, alguns bem aliada ao seu baixo estrato social, à sua pobreza, no entanto apenas quatro tiveram o privilégio de darem nas vistas, e mesmo nesta área foi difícil distingui-las, na medida em que nas últimas décadas do século passado a vida tinha-se tornado particularmente difícil e as pessoas quase passavam despercebidas, bem arreigadas às suas casas ou ao duro trabalho quotidiano.
      O comboio trazia gente para cá e para lá, a caminho dos seus serviços. A Fábrica da Pólvora vivia imbuída no seu constante quotidiano, sempre preocupada e receosa de qualquer acidente e o próprio lugar gerava poucos acontecimentos que se tornassem reparados, contudo apareceram na terra pessoas que, acabaram mesmo por dar nas vistas, mesmo diante da dureza do serviço que se impunha aos seus moradores.
       Logo no final da década de quarenta, início de cinquenta, quando esta terra vivia praticamente da agricultura, pois todos os espaços, agora ocupados com habitação, faziam parte de grandes e férteis searas de trigo e milho, uma das pessoas mais ricas que por Tercena aparecia era o “Moleque” de Porto Salvo, mais conhecido pelo Javardo, dono de todos os terrenos que existiam da linha de caminho de ferro para baixo, apenas com pequenas excepções que não passavam de áreas reduzidas, pois tudo o mais era da sua família.
      No entanto, homem rico e poderoso como ele era, aparecia publicamente da forma mais caricata e imunda, obrigando até muita gente, que o não conhecia, a afastar-se por nojo.
      De barrete negro na cabeça, encardido mais pela porcaria que continha que pela cor que lhe fora dada de origem, certamente terá sido colocado na cabeça no dia que o adquirira e nunca mais vira um pedaço de sabão, ou água, para ser limpo, a não ser a chuva que no Inverno o encharcava.
      Falava com a maior das naturalidades e sem saber uma letra, pois dormia muitas das vezes vestido e no entanto era proprietário de todos estes terrenos que envolviam o lugar, contratando caseiros para tomarem conta de alguns casais, como o do Crispim, do Manuel Roque, Conde da Azarujinha entre muitos outros.
       Homem que acabara por dar um terreno ao então recém criado Grupo Recreativo de Torcena, para construção da sua sede social, precisamente onde ainda hoje funciona e oferecendo mais tarde a continuação desse mesmo terreno até à Quinta do Marques de Café, mas por relaxo e falta de inteligência de alguns directores não o souberam aproveitar, porque como nada tinha ficado escrito no papel, deixaram o Javardo morrer e depois a família apenas se limitou a dizer que não tinha conhecimento dessa oferta do parente.
     Era um homem que ia de comboio para a feira da Malveira e de regresso vinha a pé com uma ou duas juntas de bois dormindo pelos campos, depois de passar por pedinte nessa mesma feira, dado o seu mísero aspecto mas quando o viam retirar de dentro do encardido barrete as necessárias notas para fazer o pagamento, toda a gente se admirava, pois antes, quando ele passava a saber do preço de determinada junta de bois, até lhe davam uma moeda para ele ir beber um copo, julgando-o apenas um pedinte.
     Quando viajava no comboio de Cacém para a Malveira, para se sentir sozinho no compartimento da carruagem onde seguia, fingia ter pulgas, coçando-se em todo o corpo ou então retirando ranho do nariz com os dedos, enojando toda a gente, só porque dentro do barrete levava grande quantidade de dinheiro, para poder fazer os seus negócios e não queria pessoas perto dele, para não ser roubado.
     Ninguém dizia que aquele homem era um dos mais ricos da época na área de Porto Salvo e Barcarena, onde mantinha as suas terras de cultivo.
     Brincava com as crianças, dava-lhes moedas para as mesmas dizerem palavrões e assim o conhecemos durante anos, bastante atrevido pois gostava de ter amantes e elas apareciam porque dinheiro também não lhe faltava, até que morreu, montado na sua burra quando atravessava a linha na passagem de nível de Fitares no Cacém.
       Não merecia uma morte tão estúpida e horrenda, porque fora sempre um bom homem, amigo do pessoal e de quem conhecia, e por essas razões, tornando-se famoso em Tercena e arredores, não pelo facto da sua riqueza, porque nesse tempo os terrenos não eram assim tão valorizados, mas sim pela imundice com que sempre se apresentava, apesar de se viver no seio de uma sociedade pouco preconceituada.
   Uns anos mais tarde apareceu na terra outra figura que se tornara típica, bem ao invés do Javardo, pois era extremamente pobre, já que mendigava pelas ruas da localidade.
   O “Clemente da Flauta” foi outra figura castiça que em Tercena apareceu.
   Tinha familiares na terra, três primos, o Raúl Narra que vivia na Calçada da Susana e os Guizos que tinham os seus casais na zona norte da localidade e eram agricultores remediados, com os quais não se dava e vivia numa barraca perto duma instituição de Saúde Psiquiátrica na Idanha, dirigida por irmãs da caridade.
   Era raro o dia que não aparecesse em Tercena, agarrado à sua imunda lata, onde guardava a comida que lhe davam, misturando tudo como que de um animal se tratasse. Roto, bem cheio de imundice, cara, mãos e pernas enegrecidas da sujidade acumulada, divertia-se ao som da sua flauta, como que fosse exímio na música, pois pouco mais sabia que aquela cantiga que depois cantava e que fazia parte do cancioneiro português “A Rosinha dos Favais”.
   Quando lhe davam uma esmola fraca, o Clemente fazia “cara torta”, refilava, o que levava a que essa pessoa, que não o conhecesse bem, jamais repartisse com ele.
    Metia-se com toda a gente e as crianças parodiavam com ele correndo-o à pedrada, porque ele lhe chamava nomes.
      O Clemente dizia abertamente às pessoas que tinha uma grande raiva aos seus parentes de Tercena, por saberem que ele vivia mal, e eles serem ricos.
FIM DA I PARTE

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Como se aprendeu a ler em Tercena

O ensino Primário em Tercena


II Parte

   Com a escola a funcionar num edifício digno, feito praticamente de raiz, a colectividade assumiu a responsabilidade do ensino, contratando uma contínua, chamada Rosa Mateus, que passou a ser conhecida pela “Rosa do Grupo” e era ela que na sua dualidade de serviços, se desdobrava na limpeza da colectividade e do cuido das crianças no horário escolar.
 Fora uma verdadeira escrava dentro daquelas paredes, na medida em que as mães quase obrigavam a pobre mulher a ter de controlar as refeições dos filhos, uma vez que trabalhavam, deixando-lhes as comidas que a Rosa se obrigava a aquecer e a dar-lhes.
   Tanta vez, as crianças vinham para a escola sem a comida de casa e era a pobre mulher que, retirando do que era seu, modesto evidentemente, e dava-lhes para que não passassem sem alimentação, porque tinha pena deles, já que os alunos estudavam nesse tempo no período da manhã e de tarde.
 Essa mulher que foi uma verdadeira segunda mãe das crianças desse tempo, quando chegou a idosa, necessitou de apoio do povo de Tercena e ninguém foi capaz de lhe dar uma sopa por misericórdia, contudo tive de ser eu a chamar a mim a responsabilidade de a ter na minha casa, onde a mantive durante onze anos e ainda com o inconveniente de ter cegado nesse período, obrigando-se a minha mulher a fazer-lhe tudo, porque a infeliz não conseguia. Mas enfim, tudo isso foi feito por gosto, por amor e por reconhecimento ao grande interesse que ela nesse tempo teve por mim.
  A Câmara Municipal que apenas ajudara a equipar a escola, dava uma importância irrisória à colectividade para a manter ali, mas a água e a luz era suportada pela colectividade e afinal o subsídio mensal atribuído pela autarquia, por vezes nem sequer chegava para liquidar as facturas mensais, e reconheça-se que a água era já nesse tempo fornecido pelos Serviços Municipais da Câmara de Oeiras.
  Também as professoras, e aqui destacamos a D. Henriqueta, uma das primeiras a utilizar a nova escola de Tercena, se viam aflitas para arranjar material escolar para os seus alunos, pois não possuindo dinheiro para os cadernos, sebentas, lápis e borrachas, que eram necessários para ministrar as aulas diárias, criaram a Caixa Escolar, que constituía numa mensalidade paga pelos alunos para se adquirir cadernos e afinal o que faltava dentro da sala de aulas, sempre muito contestado pelos pais porque eram pobres e por muito baixa que fosse a quotização, afectava sempre os orçamentos familiares.
     No respeitante à aprendizagem escolar, havia, como sempre, uma grande preocupação com o grande número de analfabetos existente na freguesia e isso era mais notado nos serviços da Fábrica da Pólvora que mantinham ao seu serviço um grande número de empregados adultos que não sabia ler nem escrever e então a administração tentou dar a esses funcionários o conhecimento das letras.
      Foi escolhido o professor Manuel Vaz que morava em Tercena e criado um curso de alfabetização desses mesmos empregados que acabou por ter um grande êxito, pois a maioria que iniciou os estudos, acabou por completar a 4ª classe e assim, melhor rendimento puderam usufruir nos seus serviços da Fábrica da Pólvora.
     Também houve um período em que o “Posto Escolar de Tercena” não funcionou por falta de professora e então alguns alunos foram canalizados para a casa de uma curiosa, chamada Lidi Farinha que preparou esse número de crianças e as levou a exame na escola de Queluz de Baixo.
    O ensino nesse tempo encontrava, por parte dos pais que sabiam ler, felizmente alguns, um grande e profícuo apoio, pois nesse tempo como não havia ainda televisão, as famílias jantavam juntas à mesa e o pequeno serão era sempre feito em redor da mesa, momento em que o filho, colocava as suas dívidas escolares aos pais e estes, na medida do possível, respondiam, e eles ficavam mais elucidados, contudo hoje esse hábito perdeu-se completamente, porque deixaram, de haver essas úteis “conversas em família” e se agora uma criança aparece a perguntar à mãe qualquer coisa, logo esta responde.
     “Deixa-me agora porque quero ver a telenovela”.
     Se acaso se dirige ao pai, este não perdoa, porque também ele grita:
    “ Deixa-me. Quero ver a bola descansado. Amanhã ensino-te”.
    E assim se entra numa situação desagradável que bem tem contribuído para o insucesso escolar, porque as crianças, aquilo que escutam no limitado tempo de aulas, não lhes permite assimilar toda a matéria e necessitam, obviamente de apoio familiar, o que muitas infelizmente não encontram nos dias de hoje.
   Também nesse tempo, anos quarenta e cinquenta, o ensino era bastante diferente de hoje, pois os alunos logo na terceira classe obrigavam-se a estudar matérias que hoje, a maioria são dispensadas, como a História de Portugal em pormenor, os réis, as suas dinastias, os seus cognomes, e os factos mais importantes ocorridos nos seus reinados, assim como o Corpo Humano e todos os seus órgãos, as serras existentes no país, sua altitude e localização, linhas férreas, onde começavam, onde terminavam, rios, onde nasciam, por onde passavam, onde era a sua foz. Quais os seus afluentes de uma margem e outra. Enfim, estudos que estavam condicentes com as actividades profissionais no futuro quando atingisse a posição de trabalhadores, porque o aluno depois, colocado numa empresa, tinha necessidade de saber estas coisas, para melhor desenvolver o seu trabalho quotidiano.
  Os transportes faziam-se por caminho-de-ferro, porque as vias rodoviárias eram péssimas e poucas e outros ainda pela via fluvial e aqueles conhecimentos eram fundamentais para um melhor desenvolvimento profissional.
  Hoje felizmente existem novos métodos, novas teorias, outras ideias onde se baseia o ensino primário, e na minha perspectiva, tudo se torna mais fácil para a aprendizagem, contudo, existe uma grande contrariedade, pois verificando-se essa facilidade, o insucesso escolar parece ser muito maior, enquanto que naquela época os alunos que frequentavam a escola, porque infelizmente não eram todos que nela entravam, atingiam a 4ª classe em cinco anos, pois era obrigatório estar dois anos na primeira classe, mas mesmo assim raramente um aluno repetia, ou mesmo a percentagem de insucesso era pequena, contudo, conhecemos muitas crianças nesse tempo que não iam à escola porque seus pais não os deixavam ir, obrigando-os a trabalhar, porque a instrução não era necessária, (diziam alguns pais) o que era preciso era angariar dinheiro para se sobreviver e não se morrer à míngua.
      Nesse aspecto conhecemos ainda alguns casos, como o Vitorino do Casal, da família dos “Ventaneiras” ligado à esposa do António Barbosa e da Emília Silva, e os filhos do Mendes que viviam no Mercado antigo, conhecido pelo casal da Azarujinha, entre muitos outros.
    O ensino escolar ainda funcionou no Grupo Recreativo de Tercena, durante alguns anos e no final da década de sessenta, a autarquia municipal resolveu então construir a actual escola Primária de Tercena, ao cimo da Av. de Santo António, criando mesmo uma rua própria para dar acesso ao novo estabelecimento de ensino, instalações que ainda hoje existem.
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