quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

                                   BAIRRO DA ESTAÇÃO TRANSFORMOU-SE COM A NOVA ESTAÇÃO DE CAMINHO DE FERRO
    O Bairro da Estação de Caminho de Ferro de Tercena - Barcarena, está a transformar-se aos poucos e poucos, descaracterizando por completo a antiga localidade do concelho de Oeiras.
    Naquele bairro que se formou bastante cedo devido o comboio ali passar no final do século XIX, a estação de Barcarena foi construída precisamente para no dia da sua inauguração, em 2 de Abril de 1887, prestar serviço público à escassa população de Tercena e Massamá, já que o primeiro combóio que chegou a Sintra foi em 1873 com o “Larmanjat”, um monocarril que com muitas dificuldades terá demorado no percurso desde Lisboa, uma Hora e cinquenta e cinco minutos.
     Aquele troço fazia parte da linha do Oeste, integrado na extensão concebida, do Cacém a Sintra, já que a escritura de trespasse da linha férrea de Lisboa a Sintra e Torres Vedras, com mudança no Cacém, tinha sido estabelecido dois anos antes, precisamente em 18 de Outubro de 1885.
     Em 1934 receberia um galardão honroso, pois ficou classificada no 5º lugar numa iniciativa de ajardinamento da linha de Sintra.
      A estação foi embelezada na década de trinta do século passado com a sua rua de acesso ladeada de plátanos, plantados naquela época por Clemente Antunes, então cantoneiro da Câmara Municipal de Oeiras, hoje desaparecidos para darem lugar à ampliação do largo fronteiriço à nova e moderníssima estação de caminho de ferro que se concluiu agora.
     O embarque de passageiros da nova Estação que já funciona no edifício moderno, trouxe uma enorme comodidade aos passageiros de ambas as localidades, assim como maior segurança no embarque e desembarque.
      Para tristeza de todos os tercenenses, o velho edifício da estação, construído na penúltima década do século XIX, foi demolido, o que muita saudade deixou, pelo menos aos que ainda sobrevivem e se recordam do seu escasso movimento nos anos trinta e quarenta, só que o modernismo não se compadece destes saudosismos.
   A tranquilidade que se vivia na gare de embarque, onde por norma pouco mais de uma dezena de pessoas embarcava nas horas de ponta nas velhas carruagens engatadas às fumarentas locomotivas que puxavam essas primitivas carruagens, formato gaiolas, já há muitos anos deixou de existir, assim como essas ancestrais relíquias que transportavam os passageiros deixaram de funcionar, dando lugar aos modernos comboios eléctricos.
     Os campos verdejantes que se estendiam por detrás das protecções de madeira onde se recolhiam os passageiros esperando pelos comboios, a abundância de aves e outras espécies cinegéticas, que convidavam a juventude à sua caça, as saborosas amoras que forneciam as muitas amoreiras que se estendiam ao longo da empedrada gare, eram grandes atractivos para os pouco exigentes passageiros daquela época, que enquanto não chegava o transporte cortavam as folhas para alimentar os bichos de seda que seus filhos guardavam religiosamente em caixas de sapatos.
     A Fábrica da Pólvora era um dos grandes clientes do caminho de ferro nessa época, com o embarque das suas pólvoras para os mais diversos pontos do país, juntando semanalmente três e quatro vagões pela calada da noite, incomodando, é verdade, os moradores do local, mas o tempo dera-lhes paciência e habituação para aqueles nocturnos movimentos extraordinários de comboios de mercadorias, mas que faziam com que a estação fosse, apesar do seu fraco movimento, rentável.
     Com o decorrer dos tempos, a estação foi recebendo cada vez mais pessoas interessadas naquele transporte, pois Massamá cresceu com grande rapidez, Tercena nem tanto, mas a verdade é que se chegou a um ponto que era de facto urgente pensar-se a sério no embarque de passageiros que, diariamente, no final do século XX, se elevava a muitos milhares de utentes e dependentes do caminho de ferro.
   Finalmente a nova estação está construída e com os mais modernos requisitos, nada lhe faltando, amplos espaços para o estacionamento de viaturas, escadas rolantes, elevadores para servirem as quatro linhas, duas das quais e parte do edifício que irá servir a população de Tercena.
    As entradas da estação ficaram imponentes, preparadas para receber o trânsito rodoviário, comércio, vários serviços, obra que, quer os tercenenses, quer os habitantes de Massamá, muito se irão orgulhar, porque na realidade vietam valorizar e beneficiar, de maneira extraordinária as duas populações.
   Do lado de Tercena a nova rotunda irá permitir um acesso mais fácil à Estação, inclusivamente podendo levar ali os autocarros de transporte público o que até agora era quase impossível.
   Uma realidade que virá trazer largas melhorias ao local, mas muitas mais traria, no caso de Tercena, se a velha e quase deserta Avenida Aurora fosse prolongada e ligada à rede de ruas paralelas ao “IC19”, pois então o trânsito já poderia circular melhor e isso seria ainda muito mais benéfico para toda a gente.
    De qualquer forma a Av. Comendador Álvaro Vilela, deixou de ter os plátanos e com eles desaparecidos, quase foge da nossa memória as antigas histórias que ligavam o povo tercenense ao grande benemérito que tanta força e empenho mostrara no engrandecimento daquele núcleo habitacional, e afinal de Tercena.
    Foi pela sua mão que surgiram as primeiras escolas oficiais da localidade, o Grémio Escolar de Torcena e em 1946 o Posto Escolar de Tercena no edifício sede do Grupo Recreativo de Tercena, ambos sob a tutela daquele grande homem que ali tinha criado o seu quartel general na “Quinta de Santo António”, já que era administrador do Banco Espírito Santo, albergando durante anos as crianças da terra no ensino das primeiras letras.
    Ficam as recordações, as fotos antigas, os escritos e o grande cenário que se impõe altaneiro no Museu Etnográfico de Tercena para recordar esses saudosos tempos em que toda a gente se conhecia e que era diminuta a utilização dos fumarentos e pouco cómodos comboios da linha de Sintra.
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